Porque um país como o nosso, de diversidade continental, com quase 7.500 quilômetros de costa de lindas praias, flora e fauna únicas, culinária e paisagens que arrancam suspiros de visitantes, não consegue decolar?
Seria talvez por termos um dos turismos mais caros do planeta? Ou por falta de apoio do Governo e da criação de um plano nacional nesse sentido?
Fato é, que nem mesmo a escolha do nosso país para sediar Copa do Mundo e Olimpíadas funcionou para alavancar o turismo brasileiro e melhorar nossa imagem no exterior.
Para se ter uma ideia desse “turismo no Brasil tão caro”, encontra-se quase que frequentemente nas agências de viagens pacotes promocionais para países como Estados Unidos e alguns da Europa, já inclusos passagem aérea, hotel e até mesmo carro alugado pelo preço de uma simples hospedagem em hotel 3 estrelas no Brasil. Quem nunca viu aquelas promoções fantásticas em sites de viagens, ou aquelas brincadeiras de que “é mais barato comprar passagem, hospedagem e um iphone novo lá nos EUA, do que comprar o Smartphone aqui no país.
Como exemplo, um pacote de quatro dias, com hotel e voo para o Rio de Janeiro custa 1,5 mil euros (cerca de 4,5 mil reais) numa agência alemã. Em contrapartida, o mesmo pacote para Pukhet, na Tailândia, custa a metade: cerca de 700 euros. Em voo direto, os dois destinos levam cerca de 11 horas a partir de Frankfurt.
Ou seja, quando se compara as opções de turismo no Brasil, levamos um susto. Hoje, viajar para o exterior custa praticamente a mesma coisa que passar uma semana no Nordeste Brasileiro ou Sul do País. E olha que o governo brasileiro criou diversas formas de frear os gastos no exterior, aumentando IOF por exemplo. O turista, antes de mais nada, é muito pragmático e faz a conta. Se chega-se à conclusão de que a Tailândia é mais barato do que o Brasil, bora para a Ásia, e não para a América do Sul.
Segundo a OMT – Organização Mundial do Turismo, o Brasil foi o 42º do mundo em número de visitas de estrangeiros, com aproximadamente 6.4 milhões de turistas. Mesmo com a Copa do Mundo, ficamos atras de países como Ucrânia (12.7 milhões) e Bahrein (10.4 milhões). Vale lembrar ainda, que em 2012 e 2013 ficamos atrás dos nossos vizinhos hermanos Argentinos.
Ou seja, se compararmos nossos vizinhos, hoje o Brasil encontra-se à frente, mas muito aquém de seu potencial turístico, guardadas as proporções e belezas do nosso país. Não restam duvidas que pelo nosso tamanho e atrações que poderíamos proporcionar, deveríamos receber muito mais turistas em comparação aos demais países da América do Sul, fato este que não acontece.
Economicamente falando, somos a 10ª potência mundial, gerando recursos ligados ao turismo de aproximadamente US$ 77,4 bilhões. Mas olhando o cenário mundial, também ficamos para trás na industria turística mundial. Segundo dados da OMC, a Industria do Turismo em 2015, ficou atrás apenas da Industria Petroquímica e da Industria de Produtos Químicos, gerando uma movimentação financeira de US$ 7,6 trilhões e uma exportação mundial de US$ 1,52 bilhões.
Industria do Turismo em bilhões
E aqui vale uma observação importante: Trata-se da única “economia verde” entre as 5 maiores industrias mundiais, capaz de gerar o mínimo de impacto ao meio ambiente, como amplamente discutido na RIO +20, devendo ser enxergado pelos gestores públicos como um grande fator de desenvolvimento econômico. A título de exemplo, vale novamente mencionar a Ucrânia, que assim como a Turquia, incluíram ações de incremento ao turismo em suas agendas e vêm atraindo um número crescente de visitantes. Entre 2006 e 2016 a Ucrânia e a Turquia aumentaram a recepção de turistas de 19 milhões para quase 40 milhões juntos e ficaram entre os 10 principais destinos do mundo.
Ocorre que, na contramão desses fatos, o Governo Brasileiro diminuindo drasticamente seus investimentos no Ministério do Turismo desde 2011, com um pequeno aumento durante a Copa do Mundo, mas com um drástico corte em 2015 de 73%, exatamente 1 ano antes das Olimpíadas, inviabilizando qualquer investimento significativo no setor.
Mas para especialistas no assunto, há problemas que vão muito além da questão orçamentaria. Entre os principais fatores que prejudicam o turismo brasileiro estão a distância em relação aos grandes polos emissores, como EUA e Europa, a gigantesca carga tributaria, que acaba elevando o preço das passagens, hotéis e serviços, a falta de investimento publicitário no exterior, a valorização do real (para com nossos vizinhos) e a falta de acordos com países no que se refere a necessidade de visto.
Destaco nesses pontos, a nossa carga tributária! Sendo uma das maiores cargas tributárias no mundo, o impacto gerado no preço final das passagens, diárias de hotel, cardápios entre outros serviços é avassalador.
Some a isso, o fato dos nossos vizinhos não possuírem capacidade para enviar turistas ao nosso País, como ocorre no por exemplo entre os países europeus.
Assim, não nos resta outra alternativa que desonerar o setor, com a diminuição da carga tributaria que aflige as empresas aéreas, hotéis, restaurantes e toda a cadeia do turismo. Uma mudança radical de mentalidade de nossos governantes, com investimentos em infraestrutura, desoneração da carga tributária, desenvolvimento de políticas públicas de incentivo ao turismo e divulgação do nosso país mundo afora, são as alternativas que nos restam para alavancar o turismo nacional.
Tem alguma coisa errada e o governo precisa rever a sua política para o setor.